sábado, 6 de junho de 2009

Don't be plasticine

Ao ver essas imagem penso sobretudo num jogo de palavras com André Breton. Sua célebre frase: " Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares." viraria " Imagem querida, o que sobretudo odeio em ti é não perdoares."

As fotografias de Alison Brady e Miles Aldridge me faz pensar que as vezes parece que só nos resta um surrealismo osmótico, pautado na influencia da imagem publicitária. Graças a Deus (ãh?) a arte ainda nos salva deste destino ou nos mostra esse destino.

Porque muitas coisas hoje parecem inacreditáveis, tanto que ou a gente pira nelas ou nem liga. Ainda com Breton: "Tamanha é a crença na vida, no que a vida tem de mais precário, bem entendido, a vida real, que afinal esta crença se perde." Mas será que a gente está tão saturado que nossa retina não é mais apreendida pela surpresa. Mas, diferente do inicio do século, será que o surrealismo só nos resta no olhar do voyeur? Não o voyeur dos reality show mas quando você se serpreende olhando uma pessoa com olhos diferentes do que nunca imaginou. Quantas paixões você já teve a sorte de chamar de surreal? Ainda nos resta um subconsciente que não seja programado?Será que nossos sonhos são mais impostos que pensados, porque a moral caiu e para sonhar precisamos ultrapassar do abusivo de uma pornografia escatológica ou de uma lógica de mercado? Nosso surrealiso é de mercado.

Considero o trabalho de Brady surrealista. Nossos sonhos hoje são perseguidores. Ter um bom gurda roupa, belos cabelos, e belas pernas são sonhos que nos perseguem. Não consegui-los mete medo, trilhar o caminho para tê-los também. Tê-los quase sempre nos tira a personalidades. Hoje somos artificialmente compostos por roupas, cabelos e pernas (falseadas por meias)...Talvez nada mais que isso. Não me recordo agora quem falou que para conhecer de verdade alguem era necessário saber suas aspirações e não o que ela faz. O quanto de validade isso tem hoje. essa frase tanto pode ser obsoleta quanto terrevelmente verdadeira. A fotografia de Brady tem um ar muito intimista com ambientes internios e papéis de parede acolhedores, afirmando ainda mais o caráter de sonho.


Aldridge por outro lado e lado a lado (é dificil falar de lados quando o assunto é uma cultura de massa) com Brady é mais desconstruído . Ele é fotografo de moda, casado com uma modelo. Acostumado a construir imagens aproveita isso para também desconstruir. Tem um pouco de dadá nisso tudo. Diferente dos primeiros dadaístas é muito fácil ser dadá hoje porque o momento histórico é dadá. A moça de brady já não sonha mas vive a terrível verdade. Jaz quase morta na perseguição pela imagem, que não perdoa.

Miles Aldridge


A fotografia buscar o status de arte foi o imperativo mais acertado para os dias de hoje. Instantaneamente moderna e estaticamente obsoleta gerando obras que designamos sob aquela palavra que está na moda: Paradoxo. Talvez os grandes artistas do nosso tempo sejam os publicitários.

Post em homenagem aos Ricardos de minha vida que gostam de Lachapelle.

3 comentários:

Ramon Pinillos Prates disse...

Fiquei viajando ao começar a ler o texto, mas depois de ver as fotos entendi o que vc tava falando. Bem legal mesmo, curti!

Rick Gentil disse...

curti bastante o trabalho deles, principalmente o de Miles Aldridge. Esse lance de trabalhar artisticamente as fotos gera trabalhos bem bacanas.

LaChapelle tem um trabalho muito mais pop q o deles, mas sem dúvidas a base é a mesma.

dorei a homenagem!

=]

piradaperdida disse...

La foto de las piernas es impresionante!!!