quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Exposição Tempo de Criança


Inserida ao Programa Museu Vivo – olhando o passado e construindo o futuro, criado em 2008 pela museóloga Ana Lúcia Uchoa Peixoto nas comemorações dos 85 anos da Fundação Instituto Feminino da Bahia, esta exposição faz um recorte do universo infantil, lúdico e subjetivo, produzido através do brincar, a partir da coleção de trajes, assessórios, brinquedos, suportes lúdicos, fotografias e postais, do período de transição entre os séculos XIX e XX, além de instalação cenográfica e recurso de comunicação visual que cria um lugar de memória.

A memória da infância está sempre associada a um momento significativo de alegria conduzido por um universo lúdico, mágico, imaginário e subjetivo, produzido através do brincar. Entretanto, a tentativa de mergulhar nesse universo representado por trajes, assessórios, fotografia, brinquedos e outros suportes lúdicos, exige de nós espectadores uma reflexão a cerca do contexto histórico, social e cultural em que a criança estava inserida.

Os trajes e assessórios que compõem esse universo infantil se comportam como código de leitura e signos de adesão e/ou exclusão social. O vestir e a veste podem ser identificados como elementos utilizados para moldar o comportamento da criança e definir os papéis sociais e, sobretudo, de gênero na sociedade. No universo feminino percebe-se que não havia muita distinção entre o modo de vestir da mulher, da criança e da boneca. Em todas as fases da vida o traje feminino se pautava no principio da sedução através das rendas, bordados e fitas, predominantemente brancos em sinal de pureza, como estratégias de conseguir matrimônio e, conseqüentemente, inserção na vida social.

O uso do branco em sinal de pureza faz-se presente ainda nos ritos de iniciação e passagem cristão-católicos representados na exposição através das roupas de batismo, usadas em ocasião dos primeiros sacramentos, cujos modelos, até então, não faziam distinção de sexo. Do mesmo modo, nas vestes de primeira comunhão, celebração que marca o recebimento do Corpo e Sangue de Cristo sob a forma de pão e vinho, o predomínio do branco acompanha também os assessórios como bolsas, terços e missais, que seguirão a menina na vida religiosa.

Os suportes e práticas lúdicas também desempenham um papel significativo na transmissão de regras e padrões comportamentais. Para as meninas, o exercício das atividades domésticas se dá através de panelinhas, fogõezinhos, ferrinhos de passar, louças e móveis em miniatura, bonecas e bebês utilizados nas brincadeiras de casinha, comidinha, mãe ou professora. O universo do menino relaciona-se sempre à força, agilidade e virilidade através de bolas, cavalos, peões, soldados, carros e revolveres, moldando o homem de ação para o trabalho de inteligência e enfrentamento. É nesse contexto que se insere a preferência pelo traje de marinheiro usado pelos meninos até meados do século XX.

Contudo, é importante entender a criança não apenas como sujeito passivo à espera da modelação dos adultos. As práticas lúdicas possibilitam a subversão da ordem estabelecida por regras de conduta social, ampliando as possibilidades de interpretações e representações próprias do mundo metafórico e subjetivo da criança, capazes de interferir no processo de transformação da história e da memória coletiva.

O brincar cria o lugar de enlace metafórico entre a criança e o seu mundo. Entretanto, surpreender o tempo e brincar, hoje, é um ato de extremo desafio frente a avassaladora rede e aparatos tecnológicos que invadem a vida da criança anestesiando o corpo e tendem a apagar a memória do brincar pelo excesso paradoxal de estímulos oferecidos em um ritmo veloz e instantâneo, através de suportes mitificados, quase totêmicos, de conseqüências, ainda não estudadas.

Marijara Queiroz

Museóloga

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIM, Walter. Reflexões sobre a criança o brinquedo e a educação. São Paulo: Ed. 34, 2002.

OLIVEIRA, Ana Karina Rocha de. Museologia e Ciência da Informação: distinções e encontros entre áreas a partir da documentação de um conjunto de peças de ‘Roupas Brancas’. Dissertação (mestrado). São Paulo: ECA/USP, 2009.

REIS, Adriana Dantas. Cora: lições de comportamento feminino na Bahia do século XIX. Salvador: FCJA; Centro de Estudos Baianos da UFBA, 2000.

TEXEIRA, Maria das Graças de Souza. Infância, o sujeito brincante e as práticas lúdicas no Brasil oitocentista. Tese (doutorado). Salvador: FFCH/UFBA, 2007.

VISITAÇÃO

10 de outubro a 15 de novembro de 2009

Terça a sexta de 10h às 12h e de 13h às 18h e sábado de 14h às 18h

Valor: R$5,00 e R$3,00

Fundação Instituto Feminino da Bahia

Rua Mons. Flaviano, 02, Politeama, Salvador Bahia

CONTATOS: (71) 3329-5522/5520 ou museu@institutofeminino.org.br

sábado, 10 de outubro de 2009

Arte de dobrar papel.

Assistam esse ótimo documentário sobre Origami.



Gostou? Ficou com vontade de fazer? Um dos meus passatempos preferidos agora é fazer caixas de origami. É bastante terepêutico fora que é uma maneira de reciclar papel. Seus presentes e cartões ficam bem mais interessantes. Não é difícil, não precisa de muito material e você ainda pode aprender sozinho ou pode chamar amigos para uma tarde produtiva. Como aprender?
Ou busque vídeos no youtube!

sábado, 3 de outubro de 2009

Video Games Live Salvador 2009!


Parece uma idéia legal uma orquestra que toca músicas de video games não? Mas é MUITO melhor!!! O video Games Live sem dúvida foi um dos momentos mais geniais do ano! Pela quarta vez no Brasil e primeira em Salvador o evento passa por aqui deixando a população nerd em êxtase.

No foyer do teatro , antes da apresentação, as pessoas jogavam video games, compartilhavam expectativas, tiravam fotos com os cosplayers e compravam souvenirs do Video Games Live. Eu mesma comprei um colar de plástico com um medalhão que tem uma luz verde, completamente inútil (me senti uma criança feliz comprando aquilo) pra combinar com minha camisa do C3PO e R2D2.

O apresentador, guitarrista, compositor de música para games: Tommy Tallarico, interagiu muito com a platéia deixando o clima ainda melhor. Fez os brasileiros se sentirem especiais falando que o Brasil era o lugar que ele mais gostava de se apresentar. Teve gente tocando guitar hero no palco, menina jogando um game antigo lá e de vez em quando entrava alguem vestido de algum personagem dando um toque cômico. No telão, compositores puderam apresentar as sua músicas. No repertório trilhas de games como Halo, Final Fantasy, Civilization IV, World of Warcraft, Shadow of Colossos e os clássicos Sonic Super Mario Bros e Mega Man. Quem roubou a cena foi a cantora e instrumentista Laura Intravia, vestida de Link (Zelda), tocando flauta e cantando.

Não é só um espetáculo músical e sim bastante visual, com muitos vídeos cuidadosamente sincronizados com a música (meus parabens ao maestro Jack Wall) e uma iluminação atípica. Um espetáculo também para quem não gosta de video game. Como bem falou Tommy em uma entrevista: "a verdadeira ópera do século XXI". Eu particularmente não reconheci mais da metade das músicas, mas a euforia era contagiante. Nunca levantei tanto em um espetáculo para aplaudir, gritar, ovacionar!

Saí de lá com a impressão que tinha vivido um sonho estranho e divertido. Pareceu-me uma linda e cuidadosa homenagem aos jogadores de video games! Fica aqui um dos vídeos de abertura da banda The Go! Team:

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Qual o mais sexy?

Qual vídeo usa melhor as trompetas? Adorei a versão de Natasja mas a de Crystal Waters é INSUPERÁVEL!



quinta-feira, 16 de julho de 2009

Europa outra vez.

Sábado estou partindo para minha visita anual aos bons ares galegos (onde minha renite tira férias de mim) e com passagens compradas para: Madrid e Dinamarca. Ainda pretendo dar uma esticadinha em Portugal e Suécia.
As promessas da viagem são muitas, principalmente vindo de Madrid. Podem atirar várias pedras em mim mas Madrid ainda é minha escolha preferida. Muitos preferem Barcelona, mas essa cidade cativante e maravilhosa (que já conheço) me parece muito limitada ao modernismo e em Madrid me oferece de tudo e o tempo todo. Quero ver a exposição de Annie Leibovitz, Século XX no Museu do Traje, Matisse e Artemisia Gentileschi no Thyssen-Bornemisza. Esse Museu também está com a novidade de ficar aberto até mais tarde e o café do terraço tem uma vista linda da cidade. Também quero ir no Parque da Warner e consumir brinquedos americanos bobos que destroem nossas mentes. Andar pela Fuencarral, comer donner Kebap e menus russos, alemães e gregos! Tentaremos ir ao show do NIN.
Também vou a Dinamarca visitar um amigo de Ramon. Pretendo comer chocolate, ver a bailarina de Degas, assistir no Tivoli o show do Kaiser Chiefs e tentar conseguir ingresso para o show do Matellica!\m/ Tentarei dar uma esticadinha em Malmo na Suécia porque fica perto e as coisas são mais baratas.
Lá em Galicia tem exposição de Tarsila do Amaral e os museu de ciencias da Coruña! Muito vinho, feiras e festas populares. Um pequeno passeio pelo Cebreiro e Sarria para que meu namorado sinta um pouco do feeling do Caminho de Santiago. Tem show do Leonard Cohen em Vigo, churrascos de família. Tentarei passear no Porto e na Valencia Portuguesa.
Aguardem notícias!

domingo, 5 de julho de 2009

Videoclips

Ainda se faz ótimos videoclips apenas com boas idéias. Uma camera na mão e uma idéia na cabeça! Então confiram o novo do Franz e, para quem não conhece, as já famosas esteiras do OK GO!



Adeus Michael


Estava pensando muito sobre o que ia postar sobre a morte de Michael Jackson. Depois de dias de meditação acho que tudo já foi falado e só meresta agora tomar uma posição, levar isso para o lado pessoal. Só me resta dizer que é impagável a alegria de se juntar com os amigos para treinar os passos de Thriller ou a ansiedade de esperar os lançamentos de videoclipes no fantástico. Ele abarcou gerações, foi um gênio e deixou sua marca. Ele sabia que se tornaria imortal. Pena que foi tão jovem e não retornou aos palcos como pretendia. Fica o legado, o maior da história da música até hoje.

P.S.: Ainda bem que fui ver Madonna no Rio!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Livros para as férias

Estou de férias! Aquele momento em que paro de lerlivros para a faculdade e volto ao mundo da ficção! Mas isso não signofica deixar de fora o estudo da arte! Vão aqui minhas proximas leituras e dicas:

Lulu vê Deus e Duvida - Danielle Ganek


O mercado de arte contemporânea visto de dentro. No seu primeiro livro Danielle Ganek traz a absurda cena de arte novaiorquina sob o ponto de vista da galerista Mia McMurray. Talvez o livro vá para a telona e Ganek declarou que Natalie Portman é sua preferida para viver o papel da galerista. Eu comecei a ler e achei meio chato mas como gastei R$ 35 nele pretendo chegar até o final.

Eu fui Vermeer - Frank Wayne

Fazia muito tempo que um livro não prendia tanto minha atenção. Este livro conta a história do falsário Han van Meegeren que enganou os maiores especialistas em autênticação de seu tempo. Um romance primoroso onde ainda pode-se aprender muito sobre o mestre Vermeer. Ganhei de presente no Natal e agora ele anda rodando as mãos dos meus amigos e todos concordam que o livro é muito bom. Está custando R$ 39 na Saraiva e vale cada centavo.


Pulp - Charles Bukowski

Este autor dispensa maiores apresentações! Quem me conhece sabe que adoro o velho Buk! Já tenho na minha coleção: Hollywood, Factótum, O capitãosaiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do Navio, Delírios Cotidianos (versões em quadrinhos para 8 estórias do velho) e agora ganhei Pulp! O ultimo livro do velho safado cria em mim muitas expectativas! Com certeza vou para de ler o de Ganek para dar preferencia a ele.


Dores do amor romântico - Fernanda Young


A polêmica Fernanda young para mim pode não ser uma grande apresentadora de TV mas concertaza é uma das vozes do nosso tempo quando o assunto é poesia. "Dores do amor romântico" é um livro que fala de amor com todo o paradoxo que ele merece. Um romantismo ácido que também vale ser conferido na voz da própria Fernanda. Fica aqui uma palhinha do seu Audio Book.




DORES DO AMOR ROMÂNTICO Fernanda Young em audiobook!

sábado, 6 de junho de 2009

Don't be plasticine

Ao ver essas imagem penso sobretudo num jogo de palavras com André Breton. Sua célebre frase: " Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoares." viraria " Imagem querida, o que sobretudo odeio em ti é não perdoares."

As fotografias de Alison Brady e Miles Aldridge me faz pensar que as vezes parece que só nos resta um surrealismo osmótico, pautado na influencia da imagem publicitária. Graças a Deus (ãh?) a arte ainda nos salva deste destino ou nos mostra esse destino.

Porque muitas coisas hoje parecem inacreditáveis, tanto que ou a gente pira nelas ou nem liga. Ainda com Breton: "Tamanha é a crença na vida, no que a vida tem de mais precário, bem entendido, a vida real, que afinal esta crença se perde." Mas será que a gente está tão saturado que nossa retina não é mais apreendida pela surpresa. Mas, diferente do inicio do século, será que o surrealismo só nos resta no olhar do voyeur? Não o voyeur dos reality show mas quando você se serpreende olhando uma pessoa com olhos diferentes do que nunca imaginou. Quantas paixões você já teve a sorte de chamar de surreal? Ainda nos resta um subconsciente que não seja programado?Será que nossos sonhos são mais impostos que pensados, porque a moral caiu e para sonhar precisamos ultrapassar do abusivo de uma pornografia escatológica ou de uma lógica de mercado? Nosso surrealiso é de mercado.

Considero o trabalho de Brady surrealista. Nossos sonhos hoje são perseguidores. Ter um bom gurda roupa, belos cabelos, e belas pernas são sonhos que nos perseguem. Não consegui-los mete medo, trilhar o caminho para tê-los também. Tê-los quase sempre nos tira a personalidades. Hoje somos artificialmente compostos por roupas, cabelos e pernas (falseadas por meias)...Talvez nada mais que isso. Não me recordo agora quem falou que para conhecer de verdade alguem era necessário saber suas aspirações e não o que ela faz. O quanto de validade isso tem hoje. essa frase tanto pode ser obsoleta quanto terrevelmente verdadeira. A fotografia de Brady tem um ar muito intimista com ambientes internios e papéis de parede acolhedores, afirmando ainda mais o caráter de sonho.


Aldridge por outro lado e lado a lado (é dificil falar de lados quando o assunto é uma cultura de massa) com Brady é mais desconstruído . Ele é fotografo de moda, casado com uma modelo. Acostumado a construir imagens aproveita isso para também desconstruir. Tem um pouco de dadá nisso tudo. Diferente dos primeiros dadaístas é muito fácil ser dadá hoje porque o momento histórico é dadá. A moça de brady já não sonha mas vive a terrível verdade. Jaz quase morta na perseguição pela imagem, que não perdoa.

Miles Aldridge


A fotografia buscar o status de arte foi o imperativo mais acertado para os dias de hoje. Instantaneamente moderna e estaticamente obsoleta gerando obras que designamos sob aquela palavra que está na moda: Paradoxo. Talvez os grandes artistas do nosso tempo sejam os publicitários.

Post em homenagem aos Ricardos de minha vida que gostam de Lachapelle.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Por debaixo das camadas

Achei bem legal esse clip. A cebola não mais representa bem as cascas do nosso momento, revistas é mais atual!

sábado, 30 de maio de 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Companhia de dança Pilobolus de volta a Salvador após 12 anos!

A turnê nacional da Companhia de dança Pilobolus (que ilustrou o Oscar de 2007) vai passar por Salvador no dia 3 de junho, no TCA. Não percam! É um espetáculo incrível. É o que eu poderia chamar de dança escultural, preocupada com uma tridimensionalidade perfeita. Pura anatomia para os olhos! Fica aqui uns petiscos!




domingo, 26 de abril de 2009

Ray Caesar, ele nasceu um cachorro.

Eu nasci em Londres, Inglaterra em 26 de outubro de 1958, o mais novo de quatro irmãos e para a surpresa de meus pais eu nasci um cachorro.

É aasim que começa a biografia de Ray Caesar em seu website. Daí para a frente as coisas só ficam mais estranhas com fotos de uma criança com cabeça de cachorro e textos que lembram sonhos, profundos e desconcertantes. Opiniões fortes, rancores mais fortes ainda que combinam muito bem com as obras do artista. Sempre tive vontade de postar sobre ela, principalmente depois que postei sobre sia pupila Lory Early. Sempre ponderei o desejo porque as obras parecem conter uma temática infantil e sexual desconcertante. Na verdade o artista não é um tarado. As imagens são justificadas pelos 17 anos de trabalho em um hospital infantil que recebia todos os casos, de abuso sexual a cirurgias de reconstituição de face. Segundo ele: foi um tempo de muitas tristezas, mas de muitos milagres também.

A técnica inteiramente digital é primorosa e a personalidade e a ahistória do artista mais ainda. Vale a apena explorar...







domingo, 19 de abril de 2009