quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Con.Tatos - Adalberto Alves, Liane Heckert e Nicolas Soares.

O setor educativo do MAM-Bahia vem promovendo diversos encontros (verdadeiros acontecimentos) entre artistas e seu público. Terça-feira pela primeira vez participei de um deles.: Adalberto Alves, Liane Heckert e Nicolas Soares falaram um pouco de suas carreiras e de seus trabalhos apresentados no 15º Salão. Uma iniciativa louvável tendo em vista a áurea de incompreensível e hermética que assombra a obra de arte moderna.


Adalberto Alves eu conheci através da Exposição RAID na Caixa Cultural. Ele trás de volta do desenho (se é que a técnica foi algum dia para poder ter voltado) rabiscado que decalca na parede com papel carbono fazendo uma arte que fica impregnada nas paredes da galeria e que está fadada a morrer no final da exibição. A impressão que me da os trabalhos dele é que um menino andou rabiscando a ultima página do caderno e insatisfeito com o pequeno espaço acabou extrapolando o suporte. Suas formas brincam com os corpo humanos. O que somos nós se não malabaristas nesse mundo desequilibrado? Estamos sempre a ponto de cair no poço da insanidade.


A dupla Liane Heckert e Nicolas Soares foram os responsáveis pela instalação “Insustentável” que articula um banco de vidro e uma fotografia fugaz de um casal. A obra é um convite a reflexão sobre relacionamentos, sobre a fragilidade das relações e brinca com a estética cinematográfica, com o vouyerismo. Não conhecia o trabalho dos dois e achei bastante interessante o que foi apresentado. É muito bom ver gente nova fazendo arte com substância. Os trabalhos e seus manking off podem ser visto no blog da dupla.


Levava comigo meus pupilos (e de Rene) do projeto "Museu e Escola: Parceiros no processo de preservação da memória". Eles se divertiram muito especulando sobre a as obras e as vezes interagindo com elas, o que mostra mais ainda que a arte contemporânea não é esse bicho de sete cabeças. Assistiram atentos as apresentações dos artistas, ficaram meio tímidos para participar do debate, mas no final bateram um papo com exclusivo com Adalberto Alves. A visita foi facilitada pela instituição que alem de disponibilizar uma van para levar e trazer os alunos desenvolveu uma atividade lúdica na escola um dia antes da visita.


Os artistas falaram um pouco das mensagens que tentaram passar, mas sempre deixando claro que a comunicação é aberta e que a obra se completa no público. Para mim é justamente isso que torna a arte contemporânea tão intrigante e tão "nossa", tão "do nosso tempo". Vivemos tempos de incerteza onde tudo está fadado ao fim. Fala-se em fim da história, fim das barreiras geográficas, fim da arte, fim dos tempos. O mundo está pouco conclusivo para abrigar uma arte conclusiva.


Na sua história a arte o tempo todo parece ter oscilado entre o clássico e o romântico, entre o racional e o irracional, entre razão e emoção, divididos em ciclos definidos. Há quem defenda que chegamos a um ponto em que a arte apresenta um certo hibridismo que não permite que esse ciclo se feche com clareza. No contexto do Décimo Quinto Salão eu fico com o romântico. A arte contemporânea quase sempre me deixa escolher.


Agradecimentos ao Sertor Educativo do MAM.

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